Nutrição sem dietas: Por que dietas restritivas não funcionam?

A nutrição comportamental, também chamada de abordagem não-prescritiva, apareceu como forma de aumentar a humanização no atendimento nutricional, ampliando o olhar referente a alimentação e tudo o que envolve o contexto alimentar. Nesse sentido, não há prescrição dietética da maneira que conhecemos nos atendimentos convencionais.

Partindo do princípio de que somos seres biopsicossocioculturais e que nosso corpo entende melhor do que ninguém as próprias necessidades, nenhuma regra externa é capaz de dizer o que, quanto e quando devemos comer.

Nossa fome é influenciada por diversos fatores e não é a mesma todos os dias, por isso a necessidade de aprender a ouvir e respeitar os sinais que o corpo manda. A desconexão com o próprio corpo faz com que as necessidades dele não sejam supridas e isso é o contrário de autocuidado.

O corpo não entende e sofre muito quando passa por privações desnecessárias. Enquanto você pensa em se sentir mais confiante ou caber numa roupa X, ele está apenas lutando pela sua sobrevivência e interpreta que você está em uma situação de escassez de alimentos. Com isso, acontecem alterações metabólicas e há um aumento no armazenamento de gordura, como forma de te proteger.

Para garantir que você fique viva, sua fome vai aumentar muito para que isso te estimule a buscar mais comida e ele se sinta seguro, tranquilo, de que está tudo sob controle e assim ele não precisa armazenar gordura para te proteger.

O efeito sanfona é a principal consequência desse ciclo da dieta, assim como aumento da insatisfação corporal, episódios de exagero e até mesmo compulsão alimentar.

Então o que é comer normal?

– Comer normal é ir para a mesa com fome e comer até que você esteja satisfeito. É ser capaz de escolher o alimento que você gosta, comê-lo e realmente obter o suficiente dele, não apenas parar de comer porque você acha que deveria.

– Comer normal é ser capaz de pensar um pouco sobre a sua seleção de alimentos de modo a obter alimentos nutritivos, mas não ser tão cauteloso e restritivo que você perca a comida agradável.

– Comer normal é dar a si mesmo permissão para comer, às vezes, porque está feliz, triste ou entediado, ou apenas porque o faz se sentir bem.

– Comer normal é principalmente ter três refeições por dia, ou quatro ou cinco, ou pode ser a escolha de petiscar ao longo do caminho. É deixar alguns biscoitos no prato porque você sabe que pode ter alguns novamente amanhã, ou é comer mais agora porque o gosto é tão maravilhoso.

– Comer normal é comer demais, às vezes, se sentindo muito cheio e desconfortável. E pode ser não comer o suficiente, às vezes, desejando ter tido mais.

– Comer normal é confiar no corpo para compensar os seus erros de alimentação.

– Comer normal leva um pouco do seu tempo e da sua atenção, mas mantém o seu lugar como apenas uma área importante da sua vida.

Em suma, comer normal é flexível. Ela varia em resposta a sua fome, sua agenda, sua proximidade com a comida e os seus sentimentos.” (Ellyn Satter, 2009)

O ato de comer pode ser equilibrado, prazeroso, flexível e divertido! A restrição se faz necessária somente em casos específicos de doenças. Converse com o seu profissional da saúde!

Referências:

Alvarenga, M. et al. Nutrição Comportamental. 2. ed. São Paulo, SP: Manole, 2018

Deram, S. O peso das dietas: emagreça de forma sustentável dizendo não às dietas. São Paulo, SP: Sextante, 2018. p. 24.

Souto, S. et al. Práticas indiscriminadas de dietas de emagrecimento e o desenvolvimento de transtornos alimentares. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732006000600006

 

Por: Caroline Bartholo.

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